adaptação livre, baseada nas "Bonecas Russas" de Klapisch
1/28/2007
1/21/2007
A Ó r b i t a d a A l m a
As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem.
Não podem saber.
Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios.
É a primeira realização do conhecimento.
Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria.
O derradeiro mistério somos nós próprios.
Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios.
Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?
Oscar Wilde, in 'De Profundis'
1/17/2007
CONJUNTIVITE do AMOR
(nova foto-novela, em breve...)
Amor como Depravação do Nervo Óptico
Entendem cordatos fisiologistas que o amor, em certos casos, é uma depravação do nervo óptico. A imagem objectiva, que fere o órgão visual no estado patológico, adquire atributos fictícios. A alma recebe a impressão quimérica tal como sensório lha transmite, e com ela se identifica a ponto de revesti-la de qualidades e excelências que a mais esmerada natureza denega às suas criaturas dilectas. Os certos casos em que acima se modifica a generalidade da definição vêm a ser aqueles em que o bom senso não pode atinar com o porquê dalgumas simpatias esquisitas, extravagantes e estúpidas que nos enchem de espanto, quando nos não fazem estoirar de inveja. E tanto mais se prova a referida depravação do nervo que preside às funções da vista quanto a alma da pessoa enferma, vítima de sua ilusão, nos parece propensa ao belo, talhada para o sublime e opulentada de dons e méritos que o mais digno homem requestaria com orgulho.
Entendem cordatos fisiologistas que o amor, em certos casos, é uma depravação do nervo óptico. A imagem objectiva, que fere o órgão visual no estado patológico, adquire atributos fictícios. A alma recebe a impressão quimérica tal como sensório lha transmite, e com ela se identifica a ponto de revesti-la de qualidades e excelências que a mais esmerada natureza denega às suas criaturas dilectas. Os certos casos em que acima se modifica a generalidade da definição vêm a ser aqueles em que o bom senso não pode atinar com o porquê dalgumas simpatias esquisitas, extravagantes e estúpidas que nos enchem de espanto, quando nos não fazem estoirar de inveja. E tanto mais se prova a referida depravação do nervo que preside às funções da vista quanto a alma da pessoa enferma, vítima de sua ilusão, nos parece propensa ao belo, talhada para o sublime e opulentada de dons e méritos que o mais digno homem requestaria com orgulho.
Camilo Castelo Branco, in 'Coração, Cabeça e Estômago'
Nova técnica de tratamento em http://www.technow.ca/Japan.eyedrops.jpg
1/14/2007
HARAKIRI
Love doesn't grow on trees-Danny Lader
Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada!...
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!
Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado...
Nenhum livro, nenhum livro á cabeceira...
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.
Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.
Pra quê? Até se mos dessem não saberia brincar...
Que querem fazer se mim com estes enleios e medos?
Não fui feito pra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar!...
Noite sempre p'lo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho - que amor!...
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor-
P'lo menos era o sossego completo... História! Era o melhor das vidas...
Se me doem os pés e não sei andar direito,
Pra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?
Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde
Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito...
De que me vale sair, se me constipo logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?...
Deixa-te de ilusões, Mário! Bom édredon, bom fogo-
E não penses no resto. É já bastante, com franqueza...
Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará.
Pra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. Co'a breca! levem-me prà enfermaria!-
Isto é, pra um quarto particualr que o meu Pai pagará.
Justo. Um quarto de hospital, higiénico, todo branco, moderno e tranquilo;
Em Paris, é preferível, por causa da legenda...
De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda;
E depois estar maluquinho em Paris fica bem, tem certo estilo...
Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras...
Nada a fazer minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.
"Caranguejola", Mário de Sá-Carneiro, Últimos Poemas
E não me façam mais nada!...
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!
Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado...
Nenhum livro, nenhum livro á cabeceira...
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.
Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.
Pra quê? Até se mos dessem não saberia brincar...
Que querem fazer se mim com estes enleios e medos?
Não fui feito pra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar!...
Noite sempre p'lo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho - que amor!...
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor-
P'lo menos era o sossego completo... História! Era o melhor das vidas...
Se me doem os pés e não sei andar direito,
Pra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?
Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde
Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito...
De que me vale sair, se me constipo logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?...
Deixa-te de ilusões, Mário! Bom édredon, bom fogo-
E não penses no resto. É já bastante, com franqueza...
Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará.
Pra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. Co'a breca! levem-me prà enfermaria!-
Isto é, pra um quarto particualr que o meu Pai pagará.
Justo. Um quarto de hospital, higiénico, todo branco, moderno e tranquilo;
Em Paris, é preferível, por causa da legenda...
De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda;
E depois estar maluquinho em Paris fica bem, tem certo estilo...
Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras...
Nada a fazer minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.
"Caranguejola", Mário de Sá-Carneiro, Últimos Poemas
1/11/2007
Este álbum dos The The acompanha-me desde a minha adolescência. Fala de política, fala de religião (intrínsecos, cada vez mais) e de romance. Continua a ser uma fonte de renovação. E de todas as vezes que o ouço, a inspiração do líder-Matt Johnson- e dos seus maravilhosos músicos e colaboradores- faz-me sentir menos só. E regresso à minha essência...
Por curiosidade, em pesquisa no YouTube, encontrei este vídeo de uma das 8 faixas que compõem este projecto de 1989. O tema é "Gravitate To Me"- o desejo carnal enquanto obsessão, enquanto oxigénio e enquanto motor do meu coração...
Relembra ou descobre em: http://www.youtube.com/watch?v=XoZ0PX1Pp8w
1/10/2007
1/07/2007
A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A MORRER...
"Abigail", de Tom Comley, UK, RCA.
Special Distinction Award, Festival Internacional de Filmes de Animação (ANNECY), 2006 Vê o filme em:http://www.youtube.com/watch?v=H2rUPEnzyjM
Agora que entrámos num novo ano, eis o que foi classificado pela equipa do YouTube como o melhor de 2006...
(clica no endereço...)
Enjoy!
MY HANDS ARE BANANAS
http://www.youtube.com/watch?v=RO10s_HK6d0&feature=PlayList&p=6FE5430B389618B9&index=0
GEORGE WASHINGTON(revisited)
http://www.youtube.com/watch?v=pc9y5ayeeb4&feature=PlayList&p=8639EDA0042E248C&index=0
1/04/2007
um mimo...
e uma despedida tão tranquila! (adoro ser boa pessoa...)
This is our last goodbye...I hate to feel the love between us die...But it's over...Just hear this and then i'll go.You gave me more to live for.More than you'll ever know.This is our last embrace.Must I dream and always see your face?Why can't we overcome this wall? Well, maybe it's just because i didn't know you at all...Kiss me, please kiss me .But kiss me out of desire, babe, and not consolation.You know it makes me so angry 'cause i know that in time...I'll only make you cry, this is our last goodbye. Did you say "no, this can't happen to me," And did you rush to the phone to call.Was there a voice unkind in the back of your mind saying maybe you didn't know him at all....You didn't know him at all, oh, you didn't know.Well, the bells out in the church tower chime...Burning clues into this heart of mine.Thinking so hard on her soft eyes and the memories ...Offer signs that it's over... it's over
1/02/2007
Deixem os "monstros" entrar! (vá lá...)
Sleeping is giving in, no matter what the time is. Sleeping is giving in, so lift those heavy eyelids. People say that you'll die faster than without water. But we know it's just a lie, scare your son and scare your daughter. People say that your dreams are the only things that save ya. Come on baby in our dreams, we can live our misbehaviour. Everytime you close your eyes lies, lies! People try and hide the night underneath the covers. People try and hide the light underneath the covers. Come on hide your lovers underneath the covers. Come on hide your lovers underneath the covers. Hide it from your brothers underneath the covers, come on hide your lovers underneath the covers. People say that you'll die faster than without water, but we know it's just a lie, scare your son, scare your daughter. Scare your son, scare your daughter.Now here's the sun, it's alright! (Lies!) Now here's the moon, it's alright! (Lies!) Now here's the sun, it's alright!(Lies!) Now here's the moon, it's alright! (Lies!)But everytime you close your eyes, Lies!
Arcade Fire : "Rebellion (Lies)"
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